florescimento

há um vaso que, desde sempre, tenho tentado regar sem falhar. o vaso é antigo e está meio quebradiço, tem umas lascas no topo e outras a meio, cada lasca que tem eu sei- lhe a história. pintei-o com diferentes cores e temas ao longo dos anos, sei de cor cada pincelada. investi nele tempo e dedicação, não pelo vaso, mas pela flor que nele vivia. houve alturas em que tive vontade de o atirar contra uma parede, vê-lo despedaçar-se em mil pedaços, desiludida comigo, com alguém, com ninguém, com a vida. se eu sou flor e vaso juntos, como é ver-me hoje aqui? ver lascas causadas por outros, aceitar as minhas imperfeições, perceber as minhas mudanças sem nunca ter desistido de mim. abraço-me com força, feliz por não me ter perdido, orgulhosa por me ter reinventado.